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CONHEÇAM UM POUQUINHO DE MIM...

Me conte um conto?!


Um novo enxergar  

A minha vida seguia um padrão regular: casa- trabalho- faculdade- igreja – amigos. Mal sabia eu que esta minha “vidinha” iria chegar ao fim...
Foi numa tarde de inverno quando ia passando por uma praça pública (a qual passo diariamente nos mesmos horários) estava apressada, o vento gélido arrepiava-me os pelos dos braços, que por conseqüência me fizeram parar um instante para vestir meu velho casaco de couro. Por conta do número de livros que vinha trazendo, fui obrigada a deixá-los sobre um banco enquanto me agasalhava.
Quando me virei para recolher os livros percebi que uma garotinha brincava com uma boneca ali perto. Ela estava tão envolvida na brincadeira que não percebeu minha presença. Já estava retomando meu percurso quando fui surpreendida:
- OI!
-Oi garotinha... Você é muito linda sabia?
-É o que todos dizem...
Queria ter tempo para conservar com você, mas estou atrasada...
- Sei como é... Todos os adultos estão sempre atrasados, com muita pressa, nunca tem tempo para nada... Nem para serem felizes...
- Ué! Mas quem disse a você que eu não sou feliz?
- Meu coração! Sabe... Sei que você passa por aqui todos os dias na mesma hora.
Aquela afirmação me deixou pasma, como é que ela sabia que todos os dias eu passava por ali? Sendo que aquela foi a primeira vez que a vi? Em meio aos meus pensamentos voltei à tona com uma pergunta intrigante:
-Como está a janela de sua alma?!
-A janela de minha alma?
-Sim, como estão seus olhos... Enxergam bem?
-Ah... Sim, sim... Muito bem, leio letrinhas bem miúdas sem dificuldades.
-Que maravilha! Você deve agradecer ao Papai do Céu por isso! É tão bom ver as cores, as pessoas, o céu, as letrinhas miúdas...
-Realmente é muito bom, tenho certeza que nenhum cego conseguiria ser feliz, sem ver todas essas coisas bonitas que você falou...
-MAS EU SOU FELIZZZZZZZZZ!!!!!!!!
Aquele grito ecoou na minha cabeça durante semanas. Ainda me lembro daquelas lágrimas que escorriam por debaixo dos óculos escuros. Aquela garotinha me fez despertar para um novo mundo. Um mundo cheio de alegria e acima de tudo respeitando a deficiência do próximo... Ainda estou “aperfeiçoando” a janela da minha alma. Agora sou capaz de perceber que o irmão daquela garotinha sempre relata tudo que se passa na praça, incluindo o vai-e-vem das pessoas, as cores, o céu... e ela todos os barulhos: desde a buzina de um carro até plock-plock dos sapatos de 
saltos das senhoras...






(Este conto foi baseado no documentário JANELA DA ALMA de João Jardim e Walter Carvalho, exibido no dia 20 de agosto de 2011, na aula de SIP II com a professora Guilhermina).



                                                                                                                        Carol Alves, 2º semestre, Letras-UNEB